sexta-feira, 31 de outubro de 2008

CARA DE MÃE - direto do TPMática

Adorei esse texto escrito pela Mel que tem um blog muitíssemo legal! Pedi licença, copiei e colei aqui. Beijos Mel! Muito obrigado!

CARA DE MÃE

E aí que ele nasceu. E junto dele nasceu uma mãe. Um pai. Uma família.

Um SMS me deu a notícia. Estava tão ansiosa que mal consegui me conter. Liguei para a mãe, falei rapidinho com ela, peguei o endereço com “a tia do ano” e saí correndo do escritório. Como disse, achei meu botão do foda-se dia desses e fui tratando de fazer uso dele. Larguei computador ligado, disse que não sabia se voltava e levei celular no silencioso à tiracolo.
Parecia que eu era o pai. Peguei taxi correndo, esperei uma cara o elevador, me perdi na maternidade, vi pessoinhas no berçário, me encantei com os enfeites de Boas Vindas e dei de cara com um avião na porta do quarto dela: João Pedro.
Bati algumas vezes, soquei a orelha na porta pra ver se tinha barulho lá dentro, mas nada. Foi aí que a avó paterna me viu e veio correndo me receber. Sorriso de orelha a orelha. O avô paterno estava ao lado do berçário, esperando o baby chegar.

Ficamos ali, meio que se contendo e esperando o pimpolho vir da série de exames que fora submetido. A mãe dormia e estava sozinha no quarto.

E lá pelas tantas, eis que ele chega no sossego do sono, vestindo um casaquinho azul (que a enfermeira botou ao contrário) mais uma manta amarelinha. A enfermeira entrou no aquário, botou o bichinho na bancada e começou a escrever um monte numa ficha que não acabava nunca mais (como pode uma pessoinha virgem de histórico ter tanta coisa pra preencher numa ficha de maternidade?). E ficamos alí, os três bobos, olhando para ele e tecendo os primeiros comentários e elogios da vida dele. Mais tarde chegou avó materna e tia. E depois bisa e biso.

E fomos pro quarto esperar o pequeno.
A mãe dormia bem, serena e tranqüila. Mais adiante chegou o pai, todo bestão. E na seqüência chegou o bebê. Ele veio no colo da nurse. E eu, sentada no sofá do quarto pude presenciar ele abrir os olhos sem entender o que tava pegando. E ele olhou sem saber o que viu.

Fiquei ali, prostrada, vendo tudo o que significava a chegada de uma criança no mundo. Acho que fui a primeira visita que não era parente que teve a oportunidade de presenciar tudo aquilo: a primeira vez que a mãe o via, a massagem no rostinho do bebê para aprender a sugar, a primeira mamada, a primeira vez que o pai pegava o filho nos braços. E no meio da correria, pareceu que o quarto se encheu de fadas, elfos e seres encantados.

Ele, o pequeno é muito tranqüilo, muito bonzinho. E muito lindo! Arriscaria dizer que até simpático. Nasceu com 3,240 Kg. E comprido. E sem cara de joelho. A cabeça redondinha, a orelhinha perfeita e olhos espertos pra quem só enxergava as vísceras da mãe.

Tudo muito simples e ao mesmo tempo novo.
Ela ainda não sabia como alimentá-lo. Três frases da enfermeira foram suficiente para fazê-la entender. E o resto, o bebê fez sozinho.

Tiramos fotos, conversamos um pouco e eu fiquei segurando a mão dela um tempão. Senti um carinho, uma ternura infinita que emanava dela. Preocupei-me se estava sentindo dores mas ela me olhou com olhos felizes dizendo que não sentia nada por causa da anestesia. E foi aí que eu percebi como ela estava linda. Tão linda quanto no seu casamento. Tão linda quanto aquele dia que saímos e que dei a dica de que ele parecia ser um cara legal pra ela.

Lembro-me do nosso primeiro dia de faculdade. Ela foi a primeira pessoa que encontrei no corredor procurando a sala de aula para começar o 1º semestre. Parecia uma européia, uma italianinha mais precisamente. Cabelos negros e cacheados em coque onde alguns fios lhe caiam sobre o rosto, pele bem alva (muito branca mesmo!), olhos esverdeados, camisa azul e uma calça estilosa. Era como se ela tivesse pulado de “Sob o Sol da Toscana”, porém sem a ruivisse.
E essa era ela. Na dela, na boa, em paz.

Não segurei a criança. Confesso que tive vontade, mas achei melhor reservar esse direito aos novatos pais e tia, avós, avôs, bisa e biso. Fiquei coadjuvante olhando para ele, tão pequeno, tão rosinha e todo frouxinho, ainda em posição de feto.
Entendi agora porque os bebês não esticam suas perninhas. Eles ficam o tempo todo comprimidos na barriga da mãe e não nascem sabendo esticar os membros. Entendi também porque as mãozinhas estão sempre fechadas, eles não sabem que têm mãos e que elas servem pra alguma coisa. Eles não sabem de nada. São virgens de consciência, de história e de fé. Mas são cheios de fome, de vontades e de vida.

Não chorou. Foi passado de colo em colo e sequer percebeu. Imaginei ele indo para a escola, brincando com seus brinquedos, aprendendo a falar. E pensei que de repente queria fazer parte da educação dele, de uma forma mínima, que fosse.
Mais uma vez, um bebê me concede o prazer de entender algumas coisas. E se eu já tinha mudado, ontem a revolução foi total.

Bebês estreitam nossos laços com o divino. Acho que eles representam a forma física mais próxima de Deus (que pra mim são fadas, elfos, gnomos, dragões, seres encantados, a natureza e tudo de mais lindo que os olhos em comunhão com todos os nossos sentidos são capazes de ver e reconhecer).

Agora é vida nova, novas lições para aprender. E muita, muita gente pra ficar babando.

2 comentários:

MEL disse...

Óin que lindo Phezinho!
Adorei que você pôs o texto aqui. Muito obrigada!
Então, já que abriu a porteira, quero ir pegar o João Pedro no colo logo. Me avisa quando a correria passar, ok? Quero ir visitá-los num momento tranqüilo e confortável pra vocês. Sei também que a família é grande e que tem bastante gente para ajudar. Mas se precisar de alguma coisa, conta comigo! Nem que seja para ir fazer compras no supermercado pra vocês!
Nos vemos em breve!
Beijo grande na Má (cuida bem dela,hein)! E beijão em você!

ivana disse...

Absolutamente lindo!
Adorei!
Bjosssssss saudosos